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quarta-feira, 26 de março de 2008

Da professora agredida

Devo ser a última pessoa a ver as imagens da professora agredida por uma aluna na sala de aula, quando não lhe devolveu o telemóvel "confiscado".
Fiquei bastante incomodada com o que vi (o filme pode ser visto no link que incluo abaixo) e sobretudo com o que tinha já ouvido na TSF sobre o assunto. Ao que parece, a professora não bateu na aluna porque esse procedimento ainda não está previsto no Estatuto do Aluno. Fez mal. Também não consta do Estatuto do Aluno que este é um selvagem sem educação, que humilha e agride o professor, e no entanto...
Perante o cenário que vi, custa-me a crer que haja pessoas que venham a público defender que os alunos não têm culpa, que a culpa é do meio, esse meio que tem as costas tão largas e que serve para defender o indefensável.
O aluno rouba: a culpa é do meio.
O aluno espanca: a culpa é do meio.
O aluno viola: a culpa é do meio.
Não é. E digo que não é, porque trabalhando numa faculdade e reportando este post à minha modesta experiência no assunto, acabo de estar com uma aluna, que ingressou neste Instituto pelo concurso Maiores de 23 (antigo sistema Ad-hoc, que permite que alguém com o 9º ingresse directamente no Ensino Superior através da prestação de provas).
Essa aluna, chamada Maria, de nacionalidade Angolana é casada e tem dois filhos. Lava escadas e faz umas horas como empregada doméstica. O marido, operário da construção, está desempregado. Os filhos, de 1 e 3 anos, vão com ela para o emprego porque ela já não tem dinheiro para pagar o infantário.
Ela está a tirar um curso superior, estuda, vai às aulas e aplica-se apesar de morar num sítio mal afamado.
E a culpa é do meio?

Voltando às imagens, se eu fosse aquela professora tenho a certeza que não aguentava tanto. Dava duas bofetadas na cara da aluna porque ela só age assim porque sabe que actualmente as crianças e adolescentes não podem ser contrariadas, porque ficam traumatizadas. Têm disciplinas de Formação Cívica mas depois nem português sabem falar. Se ela não soubesse isso, não teria agido como uma selvagem, nem ela, nem o idiota que está a filmar a cena.

Uma palavra também para o Sindicato dos Professores que se manifestam aos milhares no meio da rua, mas na hora de defender esta coitada, ninguém lhes ouve os gritos de ordem.

Assim não vamos lá. E se isto é a escola pública, tenho a certeza que o meu filho não vai para lá. Não duvido que cenas semelhantes se passem nos colégios privados, a diferença é que nesses para qualquer um dos lados, eu posso protestar e ser ouvida e sei que o meu filho está a ser disciplinado e ensinado. Sem ser traumatizado.

http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/272662

10 comentários:

Anónimo disse...

Belo post!
Eu sou professora e se tal me tivesse acontecido de certeza que não me tinha contido. A selvagem levava duas lostras no focinho que até andava de lado. Podia ser processada, mas não passava por aquela humilhação e consolava-me. A culpa pode ser dos pais, que em casa não educam por acharem ser essa a função dos professores. (Na verdade trabalhamos para o Ministério da Educação, enquanto antigamente se chamava Ministério do Ensino...) A culpa tb pode ter sido da professora que talvez não tenha sabido impor-se... Não conhecendo nem uns nem outros é dificil atribuir culpas. Eu não sou uma professora "boazinha" e raramente me rio para os meus alunos antes do Natal. Sei que uso métodos pouco ortodoxos e que a maior parte tem até medo de mim! Mas o importante é que aprendem e nunca nenhum me faltou ao respeito. É uma questão de disciplina...

PS- Linkei o vosso blog no meu. Estejam à vontade para visitar e comentar!

by Deva disse...

Hoje de manhã vi o vídeo no Público. É lamentável, uma cena como esta acontecer nos dias de hoje! É ridículo o pano de fundo em que se encontra uma turma completamente unânime a divertir-se em uníssono sem pingo de vergonha e bom senso! Acho que tudo isto só demonstra uma grande falta de educação e de respeito, desde o "cromo" que fez o filme à aluna que mais merecia uma bela de uma bofetada, já que em casa ninguém soube incutir educação à "criança"! Os telemóveis e os "sms" nesta geração são uma febre, um autêntico vicio... e essa foi a prova de todo este incidente!
Belo post, Sara!

Supertatas disse...

"já se sabe que os pais são a mesma chafurda de sempre. não fazem nada. demitem-se de tudo. não querem saber. só conhecem 2 fórmulas mágicas: ligar o televisor; pagar explicações. desresponsabilizam os filhos e culpam tudo o resto, excepto eles e as crias. e depois, ai jesus, os perigos da televisão, ai jesus, que os professores só querem é tirar férias e não ensinar!"

Pimpinelas disse...

Eu fiquei chocada com as imagens. Como é possível tamanha falta
de educação?

Acho que problema não é do meio, mas vem de casa: pais que se demitem das suas funções e que acham que na escola é onde os miúdos se educam, quando esse trabalho tem de vir já de casa.

A reacção da professora pode não ter sido a mais adequada, mas também não a critico: numa situação destas uma pessoa perde o controlo de tudo, incluindo da própria razão.

E acho muito bem que estes casos sejam investigados pelo Ministério Público, pois, por um lado, acentuam a insegurança (dos professores, dos alunos, e dos pais que têm medo de mandar os filhos para a escola para se tornarem animais), e favorecem que comportamentos destes sejam reproduzidos noutras situações e contextos.

Não é nestes miúdos que queremos que os nossos filhos se tornem, em escolas públicas ou privadas. Comportamentos destes são inadmissíveis em adultos e em jovens.

letra disse...

sim, também fiquei chocada. incomodada, desconfortável, envergonhada. como se chega a este ponto de total falta de respeito pelo outro? o achincalhamento da professora é impressionante. a passividade de alguns alunos e o incitamento de outros é escandaloso. toda a situação é assustadora, não unicamente por ser numa escola, mas por retratar uma faixa cada vez maior de gente que aí anda.. onde está a vontade de mudança típica dos adolescentes? o acreditar em mudar o mundo? parece-me, com mta tristeza, que hoje os míudos não acreditam em muitas coisas, quase nada, em valores maiores do que eles próprios, em causas. há a questão ambiental, para alguns, é um facto, mas também é um facto o vazio passivo e impávido de muitos.
enfim..
ritaR

Mariah disse...

Não podia estar mais de acordo. Lamentável, mas para mim não é surpresa nenhuma. A campanha negativa que tem sido feita aos professores, só podia dar nisto: uma completa falta de respeito pelos profs por parte de pais e alunos. Muito triste.

Anónimo disse...

Muito triste as imagens. E de facto só apetece dar umas palmadas na menina. Parece que hoje em dia há medo de educar. Preocupante.

claudia disse...

Preocupa-me muito daqui a uns anos ter de colocar o meu filho nesta ou noutra escola onde a falta de rigor e educação perdura.

Lamentável ...A culpa?Julgo que o exemplo vem de casa.Embora não sou apologista de culpar o "meio".Eu cresci numa escola publica com meninos "complicados" e nunca disse sequer um aí ás professoras.

Antigamente os pais diziam aos professores:
"se for preciso uma palmada ,dê-lhe"

Hoje são os proprios pais que vão ás escolas bater nos professores pq chamaram o menino/a atenção.

Enfim...caminhamos pra uma selva.

morgy disse...

numa escola privada é muitas vezes ainda pior... já que aí os alunos pagam e são os reizinhos e senhores...
Eu diria que a culpa é dos pais, mas enfim qualquer dia é a minha vez e eu vou dizer que fiz o meu melhor...

Alexamaral disse...

Qualquer castigo/pena/sanção é pequena para a aluna. Essa malcriada tem de aprender de uma vez por todas a comportar-se em sociedade. A turma é toda ela uma cambada de parvos que nem conseguiram perceber o alcance de tamanha estupidez, como gravar a cena miserável que a miúda resolveu fazer. (desculpem o palavreado, mas é tudo o que me ocorre...)