Em conversa com a Tatas hoje de manhã, comentávamos o excesso de estímulos a que por vezes os bebés são sujeitos. Já não basta a televisão, a publicidade e tudo o que cada vez mais os mete dentro de casa, os próprios pais muitas vezes exageram no que querem que eles aprendam, saibam e consigam.
Neste mundo dos babyblogs, é supreendente ver a evolução da gravidez, do modo como o bebé é investido pelos pais, de como encaram o seu nascimento, da absoluta ditadura da amamentação (já se falou demasiado sobre isto por aqui e por outros lados) e das aquisições que os bebés vão fazendo.
Primeiro é porque demora a sentar-se, depois é porque não lhe nascem dentes ou não diz mamã ou não come nada de jeito, todas estas informações vão sendo dadas, em jeito de desabafo ou de um (nem sempre assumido) orgulho.
Para quem é mãe ou pai pela 1ª vez, é inevitável a comparação que fazemos porque o outro já tem 55 cm e o nosso só tem 50 ou porque da outra já não bolsa e o nosso enche fraldas com cheiro a azedo.
Na etapa seguinte, há uma preocupação que me invade: o que dantes era mais ou menos biológico (os dentes, o sentar-se etc) passa a ser iminentemente social e (pensam os pais) sobretudo da estimulação que fazem às crianças. E é aqui que a coisa se dá a exageros: jogos didácticos, competências pedagógicas, actividades que estimulem o sensorial e o motor, enfim, toda a uma panóplia de coisas que sim senhor, devem ser usadas, mas com calma e sobretudo, respeitando o tempo que a criança precisa.
O M. por exemplo, quando vem da escola, precisa de estar um pouco sozinho a descontraír, de preferência sem barulho, a fazer legos ou a fazer parvoíces, de preferência sem eu o estar a importunar a perguntar onde está o nariz, o pé e a boca. Ele é que define o seu tempo e o seu espaço e se solicitar a minha presença eu estou lá ao pé para o que for preciso.
Nestas idades os miudos aprendem de qualquer maneira, seja a meter alguidares uns dentro dos outros seja com jogos caríssimos da Imaginarium.
Fundamentalmente, o que eles precisam é de saber autonomizar-se, brincar sozinhos, agarrar em livrinhos coloridos e fazer-nos perguntas sobre isso ou então, se lhes apetecer, dar uns chutos numa bola ou fazer corridas no quarto.
Tudo isto para dizer que às vezes fico um bocado chocada com mães que escrevem nos seus blogs que o filho ainda não consegue fazer torres de cubos, ou construções de legos ou ainda não diz nada de jeito. Pior ainda quando desabafam com enorme frustração, como se o filho afinal não correspondesse às suas expectativas. É natural. Com uma mãe sempre em cima dele, ele não arranjará tempo nem espaço e muito menos vontade para o fazer.
Obras no telhado
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Em breve deverá começar a obra de substituição do telhado no nosso prédio.
Não só somos os inquilinos do último andar com também calhou sermos os
administr...
Há 4 meses
16 comentários:
adorei adorei
vou linkar ta???
Tal e qual, o que eu penso!!!
E pelas minhas mãos já me passaram casos, de bradar ao ceus!!!
Beijocas Grandes
Nem mais!
Sabes que acho que sobretudo num primeiro filho os pais tb são mt sujeitos a pressões externas. Quando a L fez 1 ano, repito, 1 ano, saída do meu sogro: "Ela está muito crescida, mas está atrasadinha na fala...". Eu nem queria acreditar e acho que, como é meu apanágio, o mandei bugiar com um "Pelo amor de Deus, a miúda tem 1 ano...". A minha sorte, nesse aspecto, é que a malta que pode pressionar está longe e não se mete e ao fim de alguns meses de mt stress de primeira maternidade aprendi a perceber que as comparações são uma idiotice. Mas nota-se muito aquilo de que falas... É constrangedor, quer quando te dizem "Ah, a L. não faz isso?", como quem diz, que miúda idiota, ou quando dizem "Ahh... A minha não faz isso que a L. faz". Enfim...
Gostei!
Mas não te podes esquecer que muitas vezes são outras pessoas a pressionar os próprios pais em comparações ridículas e constantes que acabam por deixar os pais dessas crianças inseguros e frustrados!
Concordo plenamente! Estamos constantemente sujeitos a pressões... Mas eu não vou nessas... o meu ritmo sempre foi respeitado e pretendo fazer o mesmo com a filha;)
Beijos***
bem agora vou comentar com mais calma este maravilhoso post.
Sei bem do que falas... os meus 2 filhos foram tardios em quase tudo. Andar foi um aos 14 meses e outro aos 16. Dentes ela teve o 1º aos 17 meses e ele aos 13meses.
Falar ele foi super tardio e ouvi tudo e mais alguma coisa.
pq hoje em dia vive se muito naquela dos meus filhos serem os melhores. Já contam até 100 com n sei quantos anos e até já sabem inglês.
eu n vivo em função disso porque nem sequer é a minha maneira de estar na vida.
Não sou mãe de estar em casa de livros abertos com nr e letras a ensinar lhes.Gosto mais de os ver brincar e rir à gargalhada.
Acho que há tempo p tudo na vida....
Mas sim é as proprias pessoas à volta que pressionam essas coisas.
Só para veres eu tenho um sobrinho com 2 meses e meio e agora a mãe dele diz que ele já fala. eu n acho normal e desato-me a rir porque hoje em dia as pessoas parece que querem que os filhos sejam os mais espertos e mais precoces em tudo...
enfim..
venho aqui muitas vezes, mas é a primeira vez que comento.
mãe de dois que são muito diferentes, em que não há comparação possivel, educadora de profissão, em que o meu sabe e faz mais que o teu é o prato do dia.
não há volta a dar em relação a este assunto, eu digo que as crianças têm de ser crianças, tem de crescer ao seu ritmo e não ao ritmo que a sociedade impõe, porque o que vejo hoje é uma industria que me assusta "a fábrica de fazer meninos inteligentes", onde os meninos tocam piano aos três anos e violino aos quatro e falam inglês aos cinco e já sabem ler quando chegam à minha sala, mas não sabem brincar sem ser às lutas nem partilhar, nem escutar os outros, não destinguem uma alface de um rabanete, nem as coisas mais básicas do dia a dia da nossa infância...
deixem as crianças serem crianças...
desculpa o desabafo
gosto e vos ler
Que lúcida, Sara!
outro dia uma amiga perguntava-me: não te importas que ela coitadinha ande a gatinhar pelo chão onde todos põem os pés sujos "e que ela depois leve as mãos à boca e fique toda infectada e desgraçada devido à mãe idiota que não a protege"?(esta parte são os efeitos especiais que eu acrescentei à pergunta!!!), ao que respondi: não, prefiro que ela brinque muito com os outros meninos, que se lambuze pelo chão, e que seja sempre muito divertido ir a festas com muitos meninos para brincar.
fiquei com o olhar esbugalhado de horror da minha amiga e um peso enorme na consciência.
depois vieram as perguntas e já anda? e dentes? já fala? anda agarrada, dentes tem 3 e meio, grunhe e nas aulas para "macaquinha" continua uma aluna mediana.
as mães conseguem ser umas grandes chatas!
:))))...mai nada!
beijocas enormes
sobre este assunto, no new yorker: http://www.newyorker.com/arts/critics/books/2008/11/17/081117crbo_books_acocella?currentPage=all
achei que valia a pena partilhar :)
ahh.... as famosas guerras dos percentis... :)
Gostei imenso do post, já reparei nisso muitas vezes, mas relamente aqui (na Holanda) nao há esse tipo de comparacoes, nao há percentis (há curvas e eles devem manter-se nas suas curvas) e tudo a seu tempo, comer sólidos, falar (o que direi do mu, que estando a crescer com 3 línguas, pouco fala e é uma baralhacao) e em relacao a brinquedos, quais especiais para criancaos, dou-lhe caixas de plástico, ou caixas de cartao e ele fica maravilhado!!!!!
Beijoaka
PAtrícia
Eu sei bem o que é isso, até porque o meu Gui tem um "atraso" na fala, interacção social e outras situações. As pessoas (mais concretamente familia muito próxima) perguntam se ele já está "melhor"(parece que tem uma doença), porque ele fala o equivalente a uma criança de 2 anos quando ele já tem 3 e tem atitudes por vezes muito perigosas para ele. No entanto, faz jogos para 4/5 anos. Ele tem sido acompanhado por psicólogas que o vão avaliando. Na última avaliação, chegaram à conclusão que ele evoluiu o equivalente a 9 meses num período de 6 meses. Não imagina o quão feliz eu fiquei. Neste momento fico contente quando ele diz "Guilheme", o nome dele, o que fez pela primeira vez o mês passado. Mas infelizmente existem pessoas que acham que ele tem autismo, "nem que seja muito levezinho". Dá vontade de mandar todos a uma certa parte. Isto depois dele ter feito um puzzle de 60 peças à frente delas. "Até porque os autistas são muito inteligentes, blablabla".
gostei muito do blog
Beijos
Não podia estar mais de acordo. Apesar de achar que as crianças precisam de alguns estimulos, acho que hoje em dia são mtos os q ainda sobre-estimulados.
As comparações são constantes e realmente é preciso ter-se alguma segurança para as ignorar.
O meu filho começou a andar ainda não tiha 12 meses, mas mesmo assim havia quem achasse que estava atrasado. Sim, verdade. Apesar de ter dito a 1ª palavra com uns 10 meses, só começou mesmo a falar depois dos 2 anos, sendo q o grande salto se deu aos 2 anos e meio. Resta dizer que obviamente me andaram constantemente a dizer que estava atrasado, q se calhar tinha algum problema e o q é q o médico diz e tens de falar com o menino ou ele não aprende. Como se eu não fosse uma pessoa inteligente e informada que leva o miúdo ao pediatra. É claro que o pediatra achava q não havia problema nenhum. A voz funcionava, a criança percebia tudo, não ouvia mal. Só lhe faltava aquele click para começar a falar.
É triste... já vivemos num mundo tão competitivo, pelo menos, quando se é pequenino é importante que se deixe as crianças crescerem ao seu ritmo.
Dou-me mtas vezes como exemplo. Aprendi a ler e a escrever aos 5 anos, pq a minha avó era prof e me ensinou. Claro que ela só o fez pq eu tinha gosto em aprender, mas as consequências foram devastadoras. Qd entrei na escola aos 6 anos (e q ansiosa eu estava para começar), senti-me excluída, desmotivada, pois estava num nível mto mais à frente, e a professora nunca fez nada para me ajudar... pelo contrário.
Felizmente, a partir da 2ª classe, lá fiquei com uma prof que me ajudou e mto a recuperar o gosto por aprender e pela escola.
bj*
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