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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ai Portugal Portugal

Hoje tive reunião de pais na creche do M. O motivo da reunião prende-se com as alterações impostas pela Segurança Social nas instituições sob a sua tutela. Ou, dito de outra forma, como transformar um infantário cuja obrigação primeira é tratar de crianças, tendo uma componente pedagógica que os oriente num local burocrático, com procedimentos dignos de uma conservatória ou de uma repartição de finanças. Então cá vai:

- A criança deixa de ser designada como utente, passando a ser tratada por cliente. A instituição passa a ter um contrato de prestação de serviços com os pais, assinado em 3 vias.

- Passa a ser obrigatório que a criança tenha nº de identificação fiscal e nº de segurança social.

Para quê? Porque caso haja um acidente, o seguro só paga à instituição se a criança estiver numerada como contribuinte e beneficiário da segurança social.

- Toda a criança tem de ter um caderno A5 onde a educadora responsável escreve o que achar mais relevante:

O bebé precisa de babetes, o bebé fez cocó esverdeado, o bebé não tem fraldas.

Cada recado destes deve ser assinado pela educadora e rubricado pelos pais. O caderno vai e vem todos os dias.
A educadora passa assim a ser uma funcionária administrativa.

Há mais umas quantas medidas idiotas mas estas foram as que retive como mais idiotas.
O mais patético disto tudo é que, apesar do cliente, agora contribuinte e beneficiário ter um ano de idade e frequentar uma escola da Segurança Social, apesar de levar e trazer um caderninho, o cliente M. que vai de carrinho para a escola, não tem uma rampa de acesso para carrinhos na entrada da escola mas sim, 4 degraus.

Porquê ? Porque como a escola é num bairro histórico não está autorizada a ter uma rampa de acesso porque ao que parece "desfeia a fachada".

Outra das particularidades desta escolinha, é que o pagamento mensal tem de ser realizado em dinheiro vivo. Não têm conta bancária porque são uma IPSS e não aceitam cheques porque no passado já tiveram problemas de cheques sem cobertura.
Não me interpretem mal. Eu acho que as creches devem ser inspeccionadas vezes sem conta para que o serviço seja o melhor possível. O que não me parece bem é a incongruência destas medidas quando há outras, muito mais importantes para serem tomadas. Mais ainda, acho que uma educadora de infância tem como missão tratar das crianças e não transforma-se numa burocrata.

11 comentários:

claudia disse...

E pronto é isto o nosso pais.As regras "evoluidas" que temos.
Palavras para quê?


Bjs ao Beneficiário M.

Anónimo disse...

Meu filho, Deus sabe que fiz o que pude para que o teu nome não constasse das listas dessa corja miserável e nojenta que tanto mal nos tem feito, mas desta vez não posso evitar. Desculpa.

Este país está entregue a bicharada.

Anónimo disse...

No ano passado frequentei uma acção de formação sobre gestão de qualidade em IPSS e um dos temas que abordámos foi, precisamente, o manual de qualidade para a valência "creche", criado pela segurança social, para ser implementado pelas instituições. Efectivamente, as medidas que descreve são apenas uma ligeira parte daquilo a que o manual "obriga"... para mim a maioria não faz qualquer sentido... como mãe duma criança de 16 meses que frequenta a creche desde os 5 é muito mais importante conversar dois minutos com a educadora ou com a auxiliar no final do dia do que trazer um caderno com anotações diárias (medida ainda não implementada)... mas, este é de facto o país que temos!
(desculpe pelo tamanho do comentário, mas é um assunto que "dá pano para mangas")
Bjs
Elisabete

Supertatas disse...

sinceramente acho bem que as pessoas que usufruem de um serviço publico estejam integradas nele. para mim, mal nascessemos acho que deveriamos ter imediatamente um num de identificação unico que servisse p tudo toda a vida e pronto.
o caderninho no privado tb é obrigatorio, ontem tb me mandaram comprar um (se bem que sem a obrigatoriedade desse protocolo todo, apenas para qd fosse necessario e para registar o percurso/evolução), não me incomoda nada, confesso que até acho piada ficar com um registo desses. é no fundo a institucionalização do papelinho ou do post-it dentro da mochila.
quanto à rampa... enfim... claro que devia ser obrigatória uma rampa, ou então, porque se é assim, se calhar, simplesmente não deveriam haver instituições destas em bairros historicos em geral, por se calhar, eventualmente, uma ambulancia não ter sequer acesso às ruas onde elas situam etc etc.... há que haver coerencia, digo eu :|

Sofia e Beatriz disse...

:S

De tudo o que disseste só discordo de uma coisa: do tal caderninho:)
Acho-o, de facto, importante!
Ali, vai toda a informação escola/Pais e vice versa.
É claro, que o ideal seria os pais conversarem todos os dias com a educadora! Mas isso nem sempre é possível!
Os horários nem sempre são compativeis...
Por vezes quando os pais vão buscar os filhos,a educadora e a auxiliar da sala já sairam! Há muitas crianças que entram na abertura da escola, e só saem ao fecho da mesma:(

Eu sou a favor dos caderninhos:D

Beijinhos!!!!

Mãe das Marias disse...

Mais uma burrice da noss Républica Portuguesa!!! Tanta mariquice que exigem aos outros (instituições particulares incluidas), mas o que lhe é exigido a eles (estado), arranjam maneira de se escapar, tal como a rampa de acesso, rídiculo!!!

Bjs

morgy disse...

Primeira reacção: humm e para quando pedirem-me isso do beneficiario da SS?
Segunda reacção: pagar em dinheiro? a do gabriel também é IPSS e têm conta bancária (todas têm certamente ou será que guardam o guito debaixo dos colchões do berçário?) e pago quase sempre com MB.
Agora, em relação ao caderninho, já achei mais importante, ou melhor, achava importante antes de ter o puto lá na creche.
No início perguntei se havia caderninho e disseram-me que não porque é totalmente irreal a educadora andar a escrever no caderninho de 10 miúdos (e no nosso caso são 20 miúdos) todos os dias.
O que existe são tabelas de cocós, de comida e de sestas. Recados para os pais quando falta alguma coisa e afixado nas salas os cremes que usam ou não podem usar, os medicamentos que tomam, as comidas que já comem ou são alérgicos.
E ainda as últimas novidades: dia tal - o diogo já anda; dia tal - a inês já se senta sozinha; etc.
E claro, o mais importante de tudo, todos os dias há uma pequena conversa sobre o dia-a-dia, seja de lá para cá: hoje o gabriel esteve muito rabujento, seja de cá para lá: o gabriel já bebe água pelo copo.
Sobre a rampa, enfim... é realmente melhor escolher uma creche pensada e construída de raíz para o efeito, é o caso da do gabriel que tem todos os espaços pensados e regulados para eles e o acesso tem escadas e rampa (e gradeamento não vão eles sair disparados dali a correr em direcção à estrada).
Mas isto é quase impossível dentro de Lisboa, onde não há espaço para construir e os espaços são quase todos aproveitados de habitação.

Mariah disse...

Desconhecia por completo essas alterações. O meu filho está num privado (não sei se estas alterações se aplicam), e o caderno já existe. De início achei a ideia interessante, pois saindo a educadora às 16 horas, muito raramente falo ela. Mas na verdade o caderno não passa de uma cópia da informação que a Morgy refere como tabelas de cocós, comida e sestas, pouco mais lá é registado.
Quanto à rampa, sem comentários!!
beijinhos

by Deva disse...

É de lamentar a creche não ter ao lado das escadinhas um acesso devido, a rampa! É de lamentar também o pagamento ser feito em cash!!!!!! Nunca tal ouvi!
Tudo o resto faz parte: o caderno, as listas e até mesmo os números de identificação fiscal ou os números de segurança social são precisos e necessarios (tal como a Tatas diz e bem deveriam ser tratados logo após o nascimento).
Eu diria que, a criança deixa de ser designada como utente, passando a ser tratada como uma criança/cidadão.

Anónimo disse...

Bom, eu acho que quase toda a gente aqui passou ao lado do importante do post e deu atenção ao acessório. A rampa, o pagamento em cash são incómodos, mas não passam disso. A agregação de dados pessoais para entidades que não necessitam deles viola o princípio elementar da reserva de privacidade, o que é absolutamente inaceitável, até porque isto é que é obrigatório - para evitar o resto é só mudar de IPSS.
O caderno é só uma parvoíce, também não é muito importante.

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

aqui a IPSS das minhas filhas deve ser muito diferente porque pago sempre em cheque e nenhuma dessas imposições ainda chegou.contudo, não discordo com algumas delas.