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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Antes

Eu vivia sozinha há 7 anos, agora vivo acompanhada 24 horas por dia 7 dias por semana. Antes eu nunca tinha nada para comer em casa, agora tenho o frigorifico recheado com toda uma enorme panóplia de legumes biológicos e frutos da mesma sorte. Antes eu tinha na carteira rimel e blush, agora tenho fraldas e um aspirador nasal. Antes eu dormia horas seguidas até matar as olheiras, agora acordo todos os dias, domingos e feriados, com as galinhas depois de me ter deitado com as corujas. Antes eu tinha medo da panela de pressão, agora é a minha melhor amiga. Antes eu sabia quando iam sair albuns novos dos mais variados artistas, agora tenho a conta do itunes por renovar há quase um ano. Antes eu era um dos ilustres membros da Região Demarcada dos Blogs Amigos do Dedal da minha querida Sofia, que reconhecia o criador de um vestido da passadeira vermelha apenas por uma breve mirada de um simples alinhavo, e este ano não só não vi um único filme nomeado para os oscars como adormeci ainda no ínicio da cerimónia.
Antes eu passava a vida à espera; à espera que acabasse o ano lectivo e viessem as férias de verão, à espera que chegasse aos 18 anos para poder tirar a carta, à espera que acabasse a faculdade para poder trabalhar, ganhar dinheiro, fazer coisas e viajar, à espera que acabasse o interminável dia de trabalho, à espera do fim-de-semana, à espera que ele nascesse.
Antes o tempo corria lento e tudo me parecia sempre de uma eternidade aterradora e exasperante. Agora, desde que ele nasceu, parece que tudo acontece em velocidades furiosas, que é tudo muito fugaz; é um oscilar entre o deslumbramento e o cerrar dos dentes para não me perder de mim na azáfama, com uma vontade muito grande de ser feliz, também por e para ele. É um voltar ver a vida pela primeira vez. É como que uma nova oportunidade de ver o que realmente interessa e tem valor, e desejar que tudo isto passe devagar, muito muito devagarinho, para ter oportunidade de usufruir e de me tornar melhor, muito melhor.
Porque estes (quase, quase, faltam apenas dois dias) 9 meses cá fora pareceram uma centésima do que pareceram os noves meses lá dentro. Porque ainda há bocadinho eu estava grávida, porque agora ele já leva a colher à boca sozinho e porque amanhã já me estará a pedir o carro emprestado: já tenho saudades, muitas saudades, até do que ainda está para vir :')

18 comentários:

letra disse...

:-)
quando comecei expôr o que escrevo não pensei que me fossem ler e muito menos referir.. que dizer? obrigada (agora não consigo falar do assunto base, fiquei contente com o acessório :-))
ritaR

Sara disse...

que catano..fiquei emocionada...

Abraçar disse...

Muito bem dito, muito bem posto! E eu também adormeci a ver os óscares...

Patricia disse...

Caramba, pah... :´) caramba.

Alexamaral disse...

O antes já passou... com boas e más recordações, de certeza. O presente e o futuro é com eles - e não há nada como os nossos filhos. Apesar de todos termos (algumas) boas recordações do passado não gostava de regressar a esses tempos. Aos tempos em que a Madalena e o Lourenço não passavam de um sonho acordado.

claudia disse...

Pois...como dizia eu á dias "o tempo não espera por mim e ele cresce a olhos vistos"

BJs a ambos.

Sónia disse...

Depois de ler este post, só me sai uma frase do meu marido: O tempo é eterno para quem ama...
Beijocas e gostei imenso do que li..

Andreia disse...

É verdade,sim senhor, desde que eles nascem o tempo passa a correr, as coisas ganham outra dimensão, e nós a vê-los crescer...
Gosto muito de ler o que escreves.
Felicidades.

Sofia Quintela disse...

lol esta conversa fez-me lembrar uma musica dos Xutos "Dantes o tempo corria lento e eu..."

E nao podia concordar mais contigo, ontem encostei-me à janela a olhar o meu quarto e o meu filho a brincar e fiquei assustada e cheguei até a pensar se nao estaria já num outro nível qualquer a olha para trás...parece que de repente o tempo passa mais depressa, é tao estranho, tao inexplicavel, agora nao tenho tempo para nada, os dias mal começam, tornam-se em noites... é assustador... e eu teho a sensação que tudo me escapa por entre os dedos e ue nao consigo agarrar nada... estes filhos crescem depressa e só agora me apercebo de como o tempo passa a correr...

Mãe das Marias disse...

Podia ter sido escrito por mim... Agora passamos o tempo à espera que o tempo ande mais devagar...

Beijos

Mariah disse...

É mesmo assim, sem tirar nem pôr, também sinto saudades do que está para vir.
Beijos

Anónimo disse...

pois sim....a quem o dizes...
parece que ainda há pouco mais de algum tempo, tu nasceste e eu te via dormir de rabinho para o ar, como agora faz o Vasco....ajudava a mãe a mudar-te, a vestir-te ou a dar-te o jantar ou o almoço....
depois tinhas pressa de crescer, como todos nós em determinadas idades.
queremos agarrar o mundo com as duas mãos e olhá-lo de perto, para tudo ver num instante....
vi-te sair na tua motinha e ficava com o coração pequenino e mais tarde também nos pediste o carro emprestado....ou a casa da ilha para passar fins de semana com os amigos....
e no fundo são estas relações de amor que valem...
e que se ampliam, ou se multiplicam por 40, quando vem mais um como veio o Vasco...
mas, digo-te, escrevi um dia antes dele nascer que já tinha saudades dele e de ti também, como tu dizes, já tenho muitas saudades do que ainda está para vir.....
um beijo, meu amor...
pai

letra disse...

à falta de bonecos com os olhos cheios de lágrimas pelo post e pelo comentário anterior ao meu, vai um destes:
:-)
há partilhas de uma enorme beleza. podemos culpar as hormonas pela comoção "fácil" ou podemos afirmar que estamos mais vivas e despertas.
:-)
ritaR

Baggio disse...

Foi para isso que se inventaram os irmãos mais novos: para matar saudades :)

Anónimo disse...

:), gostei do que li, muito!

Penélope

One two three four disse...

Que texto tão terno, tão comovente.
Escreves mesmo bem, pá.
É mesmo tudo isso? É mesmo assim, como dizes, como dizem?
Ouvimos dizer. Não acreditamos. Parece-nos demais.
Os pés assentes na terra nunca nos deixaram sonhar muito. E, agora, quando te lemos, sonhamos. Obrigada, Tatas, por este bocadinho(ão) de ti.
Expectativas em alta, as minhas, as nossas.
Veremos.

by Deva disse...

Muito bem escrito, sentido e registado; gostei bastante!!!

Mónica disse...

Tatas, só vim dizer que adorei este teu post.
Um gd bjinho.